sexta-feira, 28 de junho de 2013

Menina bonita bordada de flor,
Pelo amor aos caminhos que te trouxeram até aqui, não te desnorteie. Se tem uma pedra no meio do caminho, faça um poema. Sorria. Não porque tens de sorrir, e sim porque a vida te faz sorrir. Sei que você com um dos milhões de sentidos que tem, além dos humanos, consegue perceber as graças da vida. E nem se dá conta, que é a graça da minha vida personificada e bordada de flor. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sé que tus labios me hablan, pero no los puedo oír, ya no. Estás muy lejos de mí. Lo peor es que fui tan cobarde que no pude decirte que para mí no hay vida más allá de ti. Y aunque no estés, vives en mí. Te necesito. Contigo aprendí a ser feliz y desde que te perdí, no sé como sobrevivir... Le pido al cielo, a la luna, a las estrellas: vuelve, vuelve a mí. Jamás podré olvidar. Y después de tanto tiempo, aun me robas el sueño, la respiración, el aliento... Además de todo, tu fue mi luz entre tinieblas, ya no sé como volveré a ver sin ti. Vuelve!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Avestruz


Eu sabia, não ia me adaptar. Só que a vontade era tão grande, o mundo tão pequeno, que fui. Mais com a cara do que com a coragem. Havia muitas sombras naquela caverna, e das sombras, em mim se fez a luz. A alegria veio, a felicidade, o amor, a cumplicidade. Não ia me adaptar. Hoje a roupa que visto é de um número menor, o calçado me aperta tanto, aperta o coração. Eu sabia, mas só agora começou a me doer. Vontade de sair correndo. Mergulhar na minha imagem refletida na água, ir de cara com o espelho. Ser mais o que sou, ter mais de quem sou. Ficou caro demais pagar o preço de ser quem querem que eu seja. Não me encaixo mais. Eu sabia. Não dá pra voltar atrás, não dá pra acelerar. A lâmpada do fim do túnel está  desligada por enquanto. Hei de ir, tateando com cuidado, respirando com calma. Cada tropeço pode ser letal. 

domingo, 16 de junho de 2013

1976

ah se pelo menos
eu te amasse menos
tudo era mais fácil 
os dias mais amenos 
folhas de dentro da alface

mas não 
tinha que ser entre nós 
esse fogo
esse ferro
essa pedreira
extremos 
chamando extremos na distância.


LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. Página 355. Companhia das Letras. 1ª Edição. 

Domingo

Válvula de escape. Aquele encontro marcado com si próprio que há muito vem adiando. Vem com o sol, um cheiro de terra molhada com a água que você jogou contra o sol só pra ver o arco-íris. E viu. O cheiro de sumo de mixirica colhida do pé. Você e você, sentados ali, onde Veneza deixava a cada primeira sexta-feira do mês - recesso sagrado para reunião de professores. A terra aterra seus medos, começando pelos dedos. Azedinho. Ponto de decolagem para seus sonhos.  


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Contranarciso

em mim 
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro 
que há em mim 
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando 
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós


Paulo Leminski