domingo, 28 de julho de 2013

Morto! Vivo! Vivo! Vivo! Morto! Vivo! Vivo! Morto! Morto!

Ando meio perdido, meio que não andando ou andando em círculos. Ando meio tonto, mas sóbrio como nunca estive. Ando meio enjoado. Ando meio intimista, porém vendo a situação por fora. Ando meio bagunçado, meio desorganizado, assim como a minha cama. Ando sem ânimo pra arrumar, ando meio sem ânimo para reclamar, para rir, para sentir dor. Ando adiando tudo com a pontualidade inglesa. Ando meio novo, saindo da fábrica, mas com a validade vencida. Ando meio cheio de tantas incertezas previsíveis e invontades irresistíveis. Hora de apertar o restart querendo o game over

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Em meu nome e em nome do meu espírito.

No silêncio daquele quarto. Na luz natural do fim de crepúsculo, eu deixei cair uma lágrima no papel fino da Bíblia. Milhares de palavras direcionadas e selecionadas para atacar o meu exímio ser. Como é possível os séculos de vivência irem por água abaixo com a minha existência? Por quê fui criado pelo Senhor desse jeito? Contrariando tudo o que ele construiu. Crueldade. 

domingo, 21 de julho de 2013

Inferno sem-começo-nem-final

Chegou em casa e com um sopro tirou a franja que caía-lhe sobre o olho, já passara a hora de aparar o cabelo. Era tarde. O dia foi cansativo, importante, cheio. Com um ato mecânico, abriu a porta da geladeira e virou aos goles a garrafa de água mineral, mas não estava com sede. Não estava ali. Começou a despir-se ali na cozinha mesmo, não carecia pudor, morava só. Morava com sua sombra. O banho quente não fazia efeito ao seu corpo frio. Ainda assim era possível distinguir as gotas que se jogavam de seus claros olhos das que caiam da máquina. Quem era a máquina? A quem cabia a possibilidade e o direito de errar? De humano ali só as lembranças de um passado que se perdeu e o medo do que havia de vir.

terça-feira, 16 de julho de 2013


nossos corpos formam feixes de luz
se caímos em valsa não importo que a desgraça
seguindo suas mãos e pés a torcer
tão lindo!
pobre nossos corpos
encontrados
entortados
no fim!
dançamos até não sobrarem restos de nós

quinta-feira, 4 de julho de 2013

escafandro




(Leminski, Paulo)

Proteja, amor
Até o último suspiro [pausa rápida para respirar]
Este fôlego
Naufragado em tantos beijos
E proteja sobretudo
O aqualung que eu te dei
Ele é a nossa garantia
De oxigênio até o fim...
Um escafandro dá pra dois
E se tua mãe quiser morar, eu deixo
Faço minha exigência:
Vá dormir quando eu te beijo...
Proteja, amor...

segunda-feira, 1 de julho de 2013

rabiola

tarado é toda pessoa normal pega em flagrante
Nelson Rodrigues 

Foto: Graziella Schmitt