terça-feira, 24 de novembro de 2015

Estação Aparecida, Belo Horizonte - 241115 1912

Pouca gente sabe, mas os ônibus da linha 52 são os mais vazios daqueles que chegam à Estação Pampulha. Eu sempre espero pra pegar ele, porque ele não me decepciona - ao contrário de tantos outros. Os poucos que sabem disso também fazem questão de esperar por ele e fazer uma viagem, digamos, respirável. Os artistas, comuns no transporte público de Belo Horizonte, também sabem e tiram bom proveito desse fato.

Eis que ali, na Odilon Behrens, entra no ônibus o Yeyé, ou a pessoa que eu penso que ele seja. Porque até hoje não sei ao certo quem ele é, apesar de saber muito sobre ele, então atribuí características físicas de um cara que sempre canta no Move à pessoa dele. Pois bem, então ele entra e começa a cantar umas músicas que eu acredito ser chilenas com um sotaque que eu acredito ser chileno. O ônibus inteiro para para sorrir, escutar e balançar a cabeça com ele. 

Não passa nem da primeira frase da música entra o Diego, um menino que eu não faço a menor ideia de como chama, mas tem cara de Diego. Ele andava de skate, ou pelo menos, andava com um skate debaixo de um braço e, no outro, exibia uma pintura de azulejo que ele fazia e, fazia na hora, se quisessem. Tudo ali no ônibus. 

Tanto o Yeyé quando o Diego não devem ter nem 25 anos e parecem estar tão seguros do que estão fazendo e, o fazem tão bem, que todos os olham. Eles são artistas que param tudo para dar espaço e valor àquilo que sabem - e amam - fazer. 

Do lado de dentro desse olhar meio observador, estou. Estou. Indo atrasado para a aula de literatura hispánica, fugindo da minha vontade de ser ator. Minha vontade de sair por aí, rodando, passando por dificuldades, mas sendo o mais feliz que eu possa ser. Mas estou sentado, vendo as pessoas sendo feliz e a vida passando pela janela. Ainda não sei em qual estação desço.