sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

rua joão martins coelho em frente ao kit santo antonio

será que dá pra fazer poema aqui?
acho que é uma parte que não é contemplada na literatura, até adélia prado que costuma falar da gente, fala mas pelas beiradas, já falou de cachoeirinha, branquinhos, choro, mas aqui acho que não brota nada para escrever mesmo não. é uma terra onde as pessoas fazem uma força muito grande pra soar natural ou são naturais demais em parecer fortes, eu não sei direito. parece estranho que eu tenha vindo daqui, mas depois de um tempo longe é muito fácil notar a diferença, mas principalmente a minha diferença. porque as coisas aqui não mudam, nunca. mas eu não sou mais o mesmo, eu não consinto com a moça desconhecida no ônibus que pra tentar ser simpática fala mal dos outros. não. nem. quero um lugar de trotes eternos, onde as pessoas dançam num compasso intuitivo e vital. eu era muitos cavalos.

sábado, 12 de dezembro de 2015

entre praça marília de dirceu e praça da assembleia 121215 2233

tem duas décadas que eu respiro esse ar
duas décadas e não aprendi quase nada
o que eu aprendi não me vale para as próximas décadas
a moça com sonhos faz piada quanto à universitários
piada reciclada igual às ideias
o menino de óculos é tão impertinente quanto pedante
mas é amenizado por quem carrega na sina sagitário
sagitário deveria ser livre
o problema deve ser o ascendente
a outra é muito sensível e sofre
sofre
aquela lá que tava o tempo inteiro por aí
já não está mais, porque a vida é assim
reciclagem
ou adubo
eu estou mudando, mudando muito mais por mudar
que por necessidade
água parada dá dengue
o moço é uma ótima pessoa 
mas pega fogo 
meu coração se compadece e enfrenta
parei de comer carne porque tem sangue
não acho que se deve comer sofrimento
mas como gelatina que é joelho,
ao contrário da tia do jardim que dizia que era alga.
queria que fosse alga. 
gosto do mar. 
mas não entro, às vezes, é melhor não entrar.