Tô carregando no lugar da derme um carpete azul de lótus. Tenho sentido tudo. Uma maré de vento que desvirtuada do seu caminho entra em contato com a minha pele, me liberta das correntes que não existem. Quero mais. Quero chuva, vento, raio, água, fogo. Quero sentir. Quero ser livre. Sei que não pertenço a ninguém, nem a mim mesmo, e que nenhum lugar me pertence. Eu sou um ser humano. Tenho o dom de raciocinar. Só não tenho o dom de ir contra a sociedade e raciocinar coisas que eu quero e não coisas que eu devo. Sonho. Sei que alcançarei. Mas ainda, minha vontade febril não se aquiesce com a conjugação do verbete no futuro. Quero agora! Tenho fome! Tenho sede! O chão em que piso, pode não estar mais aqui amanhã. Tenho que aproveitar cada molécula de oxigênio que adentra meu ser. Sou nada e quero tudo. Sou um pequeno grão de areia no deserto que é o universo. Tudo é tão pequeno, comparado às possibilidades. Preciso alinhar os chacras e conectar-me ao mundo exterior. Acordar e ter de ser feliz com o pouco que me dão. Não quero ter essa vida pré-moldada. Não quero nem queijo, nem faca, tampouco a fome: quero Adélia.
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