Cecília Meireles
Tanto que fazer!
Livros que não se leem, cartas que não se escrevem,
Línguas que não se aprendem
Amor que não se dá
Tudo quanto se esquece.
Amigos entre adeuses,
crianças chorando na tempestade,
cidadãos assinando papeis, papeis, papeis...
até o fim do mundo assinando papeis.
E os pássaros atrás de grades de chuva
e os mortos em redoma de cânfora
(E uma canção tão bela!)
Tanto que fazer!
E fizemos apenas isto.
E nunca sabemos quem éramos
nem para quê.
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